E era assim... só dúvidas, contradições. Uma
verdadeira ambiguidade sentimental ambulante, que buscava o equilíbrio também
inventado. A vida é a constante invenção do querer, e o querer é condicionado
pelo não ter. Passa-se a vida á procura do que não se tem. Buscam-se flores,
poesia, medo e sombra. Os dias são a marca humana do perder-se. Quando se tenta
encontrar, mais se aprofunda em perder. Sonhar é requisito pra sobrevivência, e
morrer a única certeza que dotamos. Todo resto é interrogação, incógnitas, mera
encruzilhada do acaso. O acaso é incerto, e esse corrói, mata, destrói
paulatinamente enquanto se vive (ou se morre), no entanto é ele que nos permite
virar os dias, semanas, anos e décadas. Quão pesado seria ter a certeza de que
o incerto é certo. Imutável. Irreversível.
E era assim... estranhamente eu. Dotado de
incontáveis e estranhas contradições sentimentais, tentando enxergar brilho no
escuro, poesia em sombra. À procura do incerto já certo. As palavras eram assim,
seu elo com seu próprio eu e as coisas do mundo, que curam, acalmam, mas
destroem concomitantemente.
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