quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Solidão


Tua solidão é incontestavelmente responsável pela minha solidão, que irrefutavelmente tem responsabilidade pela solidão dele, que por sua vez contribui para a solidão dela. Somos todos responsáveis por tanta solidão desnecessária. Amemo-nos.

Lúcida loucura


Dias confusos. Noite tumultuada. Os quereres andam cansados. Não mais querendo. Reflexo tardio da loucura aprisionada das mentes fingidas lúcidas.

Há tanta indiferença nos olhares confusos quanto há inocência num sorriso de menina pequena, ainda não contaminada pelas coisas tristes do mundo. Um alguém ainda sem consciência de si, do outro, de tudo. Haverá os que discordarão.

Volta e meia me queixo de medo, dor ou falta de esperança alheia. Mas qual tem sido meu jeito de ser nos últimos dez minutos? Instiguei coragem, amor ou esperança? Nada fiz. Cá estou: estagnado, com sono de viver essa vida paralisada.

Apatia. Frieza. Indiferença. Insensibilidade. Reciprocidade negada? 

Não, apenas almas cansadas de um querer irreal. Gostaria de voltar ao utópico. 

Utopia é esperança de sonhador que insiste em querer. Quem não sonha, não vive, apenas resiste ao enlouquecedor som dos ponteiros, que insistem em mensurar o imensurável. 

Prefere-se acreditar na normalidade imposta a enxergar a loucura intrínseca. 

Enxerguemos o estranho. Quem sabe assim seja possível lutar pelo que realmente se quer e não mais pelo que se obriga a querer. 

Querer é espontâneo. Querer forçado não é querer. 

A loucura é só a resposta ao não contentamento. Desafogar-se é necessário. 

Indiferença é só consequência de vários quereres frustrados. Sem frustração não mais haverá.

Talvez pessoas voltem a se falar, olhar verdadeiramente umas nos olhos das outras. 

Aversão erradicada.
 
Sem essas bobagens de normalidade espalhadas por aí. Apenas sentindo o que realmente se sente. 

Chega dessa querela vazia sobre normalidade e loucura. Atentemo-nos ao bizarro.


Alívio de um fugitivo. Sorriso de menino. O cair das folhas. 

Olhar pra cá. Olhar pra si. Olhar pro mundo de verdade. Com os olhos que fogem ao humano. Sem fingir. 

Inferir poesia em tamanha contradição. Compreender o não visto. Simples. 


Ecoou o mais convencional dos sons já conhecidos. 

Acordei! 

Já era hora.